O percurso discreto de Luísa Gonçalves, que conclui a sua formação em escultura em 1973, cumpre-se numa área onde se encontram a escultura, a pintura, o desenho e a instalação. Conservando um virtuosismo técnico inegável, manifestando uma enorme elegância nos objectos produzidos e valorizando o insólito, aspectos que atraem e seduzem o observador, é no entanto, num plano distinto que se esboça o propósito fundamental do seu projecto artístico. (…)
(…)Esta exposição não constitui excepção. A relação com o espaço disponível, a dimensão performativa, a presença de um livro de artista exprimem a diversidade de meios que Luísa Gonçalves mobiliza, adequando-os à matéria exposta e à intencionalidade respectiva, como um sistema articulado que exige todas as peças para funcionar. (…)
Laura Castro - excertos do texto do catálogo da exposição Continuidade
(…) O meu coração recebe a pureza húmida do sangue, enquanto na sombra a água repousa, embrulho em corais a sua cor, o clarão dos meus lábios pálidos, a tarefa das maçãs nas árvores, a morna inclinação do crepúsculo. (…)
(…) Nas gavetas jazem silenciosas sementes, o cheiro da fruta antiga, minuciosos enigmas guardados para alagar a catástrofe da solidão. Os corais ou campânulas do esquecimento que iluminam o céu com o seu tropel marinho. O sabor da resina e do trevo macerado, o gelo inúmero das estrelas. (…)
Jorge Velhote - excertos do texto do catálogo da exposição Continuidade
Rocha de Sousa - excerto do texto do catálogo da exposição Continuidade